Por que Ainda Não Estamos Seguras?

Crescemos ouvindo que deveríamos evitar ruas escuras, roupas curtas, conversas com estranhos. E mesmo assim, não estamos seguras. O medo nos acompanha no ponto de ônibus, no estacionamento do mercado, dentro de casa, no transporte público, nas festas, no trabalho. Ele é uma presença constante, e não uma exceção.
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2024, uma mulher foi vítima de feminicídio a cada 6 horas no Brasil. A maioria dessas mortes aconteceu dentro de casa, e muitas dessas mulheres já haviam denunciado seus agressores. O sistema as ouviu — mas não agiu.
Não estamos falando apenas de estatísticas. Estamos falando de vidas interrompidas, de mães, filhas, amigas. Estamos falando de nós.
E mais: segurança não é só sobreviver. É viver sem medo. É poder andar na rua à noite sem apertar as chaves entre os dedos. É sair para correr sem monitorar o caminho. É não ter que se justificar por estar sozinha, ou por querer ir embora. É ter uma delegacia especializada que funcione. É ter políticas públicas permanentes e não ações pontuais. É ter mulheres fazendo leis, julgando casos, ocupando o poder.
A nossa segurança passa por representatividade, por investimento, por educação. E, acima de tudo, por vontade política. Ainda não estamos seguras porque essa vontade, muitas vezes, nos ignora.
Mas seguimos. Ocupamos as ruas, as assembleias, os coletivos. Denunciamos, organizamos, resistimos. Porque enquanto não estivermos todas seguras, nenhuma de nós estará.
E é por isso que seguimos lutando. Por nós e pelas que virão.
Aline Teixeira

